terça-feira, 27 de novembro de 2007

Lua em véu

Ela vestia vermelho

Ele uma calça branca

Queriam ficar juntos

Mas tinham medo do futuro


Ela chorou por amor

Ele amou suas lágrimas

Abraçaram-se até anoitecer

Não querendo que o dia terminasse


Ele disse “ eu te amo”

Ela fez que sim com a cabeça

Sussurraram paixão

E respiraram o amor


Ela deitou-se na grama

Ele se fez de lençol

Contaram baixinho,

Tremeram de frio.


De mãos dadas continuavam

Ele cantava para ela dormir

De mãos dadas continuavam

Ela dormia para ele cantar


Eles eram jovens

Eram movidos a emoção

Toda noite fugiam para ver a lua

de dia pensavam em como fingir


Toda noite temiam serem pegos

Toda hora caiam na gargalhada

Todo minuto cantavam

Todo segundo se amavam


Um dia, quem sabe,

Saiam sem medo

Um mês, quem sabe,

Rebelem-se contra os outros

Um ano, quem sabe,

Entrem na roda sem véu


Ele sorri esperando esse dia

Ela lacrimeja temendo não chegar


Seguirão ,

Amando-se até a hora da descoberta.



Dominique Arantes

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Botão da camisa aberto , um maço de cigarro no chão , roupas espalhadas e ele ao meu lado. Respiração forte, olhos fechados sonhando com sabe-se lá o que. Quem sabe eu ainda permeio essa mente enquanto ela sonha , quem sabe outra , ou quem sabe simplesmente vôos , lembranças ou sonhos mesmo.
Eu estou aqui, deitada, ao seu lado, olhando, tentando entender essa camisa em mim, os infinitos beijos , as risadas , a música que toca em meus ouvidos toda vez que nos beijamos. Eu estou aqui. Eu, que acabei de fechar os olhos e já os abro cheia de questões. São 6 horas da manhã e ainda não fechei os olhos . Digo , ainda não comecei a sonhar , pois meus olhos já se fecharam dezenas de vezes para o tal descanso , mas minha mente os obriga a ficar aberto. Às vezes me pego, como nesse momento , lembrando de quem não deveria , ou deveria . Ainda há outra pessoa que vagueia meus pensamentos . Sim, meus pensamentos, que horas estão tão longe que me afundo em lembranças, nas boas somente. Talvez seja isso, deveria eu me lembrar das dores, dos choros, dos medos. Mas não, hoje seria um dia especial. E acordei querendo lembrar-te. Levantei, abri minha bolsa, pintei as unhas da mesma cor que tinham elas quando tiramos aquela foto em preto e branco, que cores não tinha, mas exalava nossa paixão em vermelho; ouvi a canção que nos faz lembrar, peguei o telefone para ligar-te, lembrei de um show, desliguei o telefone. Andei pela casa . Vi seu sorriso no espelho, era ilusão de óptica, pois você está longe daqui, e com outro alguém. Gritei cinco vezes em silêncio, como as tantas vezes que ao seu lado eu me desesperava calada sem sua percepção. Caminhei , cantei , dancei ... Nossa! São 7 horas da manhã e ele dorme como um anjo. Fiquei sentada olhando aquele corpo sob nossa cama _ digo, a cama dele _ decidi não perder mais tempo com lembranças, não tentar mudar algumas coisas. Para mim , resta saber que ainda há vida brilhando como o Sol em seus lares .
Tomei meu café , voltei a deitar e, ele aqui ao meu lado, em silêncio, dormindo como um anjo , me amando com seus olhos e sorrisos toda vez que me abraça , que fala , que ama.


Dominique Arantes