quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Não faz mais efeito o café.
Nem energético.
Está tudo consumido.
Também consumado.
Eu não sei falar inglês, ou francês.
Eles serão alimentados por sorrisos?
Isso não é capaz de nos tirar a imobilidade.
Não vou deitar-me ao seu lado. Irei querer consumir o lençol.
existem palavras ao invés de mãos.
Bom, o café já está feito.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Proposta incidente

Vamos nos aglutinar. Colar os corpos. Coser os cacos. Amarrar-nos pelos cadarços. Vamos. Fazer praia na madrugada. Escrever escrever enganchamentos. Eu queria seu sorriso pela manhã. Vou cavar coisas aqui. por aqui. Logo ali. Você está vendo. Não me veja . Vamos juntar os pré-juízos, os desconceitos. E dizer novo. Quero dizer que não sei o que olho. Vou deixar-me sua. Ser sensível aos cascos, aos cacos. Decidimo-nos por emaranhados. Coisas imprecisas não precisam de ponto.

Rato

Você me dançou.
Digo agora que o som está alto demais. Você me dançou. Minhas faces.

Gostei do cheiro. Do seu cheiro no meu pescoço. Diga-me quantas palavras precisará para partir? Abaixa  o volume um pouco. Não me pega a cintura. Estremesso. Queria arrancar-te os pêlos. Vamos abrir a janela? Faz horas nosso engachamento não se precipita. E ninguém nos percebeu. Você atua feito... Será que há queijo na geladeira? Deve haver pessoas ruendo-se lá fora. É manhã.

Ele vai brotar dos lençons.

domingo, 24 de outubro de 2010

Desconstruida

Chega um ponto em que levantar paredes pela força não faz sentido algum.  Diga-me onde estamos com esses remendos todos por cima dos tijolos destruídos? Dói um pouco perceber, mas esse casamento já não se fez faz tempo. Sabemos, não cabemos na mesma cama. E para que ficar rossando os corpos, criando prazer e dores? Ai, que besteira estamos fazendo com a nossa sobrevivência em conjunto. Eu não posso estar com você. Se você me exige dor para sua alegria, para mostrar suas teorias e sabedorias, eu não posso. Não é assim que eu aprendi a construir relações. Eu tentei equilibrio entre nossos prazeres. Isso foi quase impossível. Posso lembrar de alguns momentos, sim. Mas nada que sustente essa parede. Tem mil coisas penduradas nela. Ela nos carrega, carrega as estantes, os bichos, os retratos. Preciso de sorrisos sinceros. Não quero insistir em nossos cortes. Fica uma dor. Pode ser desistência mais uma vez. De nós. E posso voltar mais uma vez, para nós. Deixe-me feliz sem suas verdades.

Por favor

Aperta o peito. Eu disse. Não estamos mais juntos. Pode me partir. Pode me colocar em fatias. Não importa mais as janelas. Hoje não há claridade sobre nós. É dificil ouvir. Falar. Preciso calar-me. Deixe-me em silêncio. Estavam sorrindo, festejando.Há falta de ar em mim. Meus pés doem o carnaval de ontem.
Não suportei nossas divisões. São tantas partes. Não há mais possibilidade. Digo-te despedida.
E por favor. Não vamos nos camuflar novamente. Não há mais nada a ser construido. Gostaria de novas formas, porém estamos em repetição. Acho que isso não me agrada. E isso não é justificativa para eu incetivar sua partida. Eu cansada de algumas coisas. Prefiro me partir a morrer sedentária. Por favor, não me compreenda.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

idade

Foi ontem.
Ela disse.
Ontem.
Hoje ela gripou.
Recebeu telefonemas atrasados. Vários
Sentiu falta dos abraços.

Ontem ela viu que muitas coisas não faziam sentido.
Como querer estabelecer segurança nesse caminho.
Percebeu algumas ramificações. novamente.
Percebeu novas ramificações.

Percebeu sorrisos.
Abraços.
Motivos de felicidade.
abraçou um colo
amou um sorriso
recebeu

Espirrou.
abriu e fechou janelas.

ramificou-se.
Fez-e inteira nos braços.

sorriu os melhores sorrisos.
dividiu bolo e guaraná.

brindou o vinho, a solidão, o aglutinamento, o casamento, a sinceridade, os opostos, as semelhanças, o espelho, as mãoss dadas, o café da manhã, o café de amanhã, os livros pela metade, a janela do vizinho, a cor do tapete, o atraso, a desmedida, o controle. Os clichês, o brega. brindou a dúvida, a incerteza, a falta de qualquer coisa absoluta.


ainda incertezas.
É que a gente fez plano antes de se pertencer.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Cor

Deixe-me restar.
É assim que estamos.
Não vou prender-me à você, nem à casa, nem às paredes.
Aqui, onde tudo é melhor.
Mentira.
Onde está o telefone?
Não consigo mais me comunicar com alguém.
Que não seja sua voz.Com ela eu falo.
O que você fez com as cores da casa?
Está tudo soterrado. Ou eu não estou mais vendo os retratos?
Possível. Isso é.
Vou pedir que não me forces respostas.
Não as tenho. Nunca as tive. Você sabe.
Porque insiste em perguntar sobre a geladeira?
Eu sei, há comida podre.
Engole esse choro.
É tudo fingimento.
Meu.
Não sou assim forte.
Você sabe. Eu sei. Acho que todos sabem.
Só porque você me viu como uma mulher inteira não quer dizer que eu a seja.
Eu ainda estou em fragmentos. Faz parte.
Você nos disse: Cada um tem seu tempo.
Não me force ao seu.
Você é covarde. Prende-me aqui, até que nossos tempos se encontrem.
Para que? Isso não me faz estar presa à você.
Outras pessoas passam pela janela.
Eu flerto.
Eu assumo.
Não brigue comigo. Eu estou assumindo.
Deixe-me partir. Não quero esperar nosso tempo.
Você é imaturo.
Às vezes some e eu fico sem comida. Fico descascando as paredes.
Entendeu porque elas estão sem cor? Eu me alimentei dos nossos restos.
Deixe-me restar.
É assim que estamos.
Eu não vou me soltar de você, nem da casa, nem das paredes.

domingo, 10 de outubro de 2010

Com Fusão

Não sei . Acho dificil algo ter sido desfeito. Fico confusa com nossas pernas quando se cruzam. É muito cheiro que elas carregam. Estamos sendo o quê? Nem você sabe nos responder. Eu esperava uma resposta definitiva. Algo que nos arrancasse dessa imobilidade e nos colocasse em fusão. De novo. Seria brincar demais no mesmo pátio, não é? Poderia eu escorregar e quebrar qualquer parte. Ou fazer-te quebrar, novamente. Não, isso eu não poderia. Seria cruel. E tenho medo dos nossos sorrisos. Eles são sinceros demais. Explica, meus ouvidos não entendem. Como isso pode? Esse distanciamento fazer-se conjunto. Se bem que a gente sabe, é preciso distanciamento para qualquer compreensão. Foi bom não estar tão dentro o tempo todo. Senti falta de ser seu colo a todo tempo. Agora quero fusão. Com os cheiros.