Pés descalços no asfalto quente. Assim sigo, achando que de repente tudo pode mudar. Pés queimando ao me jogar no mundo, sem proteção alguma. Só com a idéia falha do que eu sou. Vendo um mundo complexo, caótico, me coloco em minha janela. Numa estrada curvilínea que volta e meia me apresenta novos passageiros , ou me traz antigos.
Assim vou indo , vou vindo , volto na “volta e meia” e dou meia volta mudando meu local de chegada. Dos gritos e choros daqueles que de mim se extinguiram , pensei estar a salvo. Me proteji com minhas gargalhadas . Mas a estrada tem curvas , e nos proporciona reencontros. São segundos , tensão e ,logo depois, evaporação. E nas curvas da estrada decido seguir. Estendi as mãos para quem não quis , quis ter as mãos de quem se virou , abri aquele livro na pagina 70 e li aquela frase, liguei o som o tocou aquela musica. Corri, sai da minha janela e me joguei no mundo.
Correndo sem proteção, sem proibição , experimentei o que não achava certo, joguei fora todos os rascunhos de mim mesma e decidi ser qualquer coisa de indecifrável. Não foi uma escolha, foi uma descoberta. E assim descobri que nem você sabia o que era, para tentar me julgar. O asfalto já não me queima mais .A vida em si tem um gosto de aventura, se você quiser que ela tenha. E eu quero. Mas, tem que haver coerência entre seus atos e suas palavras, controle entre seus desejos e suas ações, e consciência de que cada passo é uma escolha , o que nos traz conseqüências boas ou ruins , porém eternas. Essas conseqüências fazem da minha vida, uma nova vida a cada tentativa. Eu sendo eu mesma , sempre , porem me possibilitando novos saltos. Sim , estou de novo no asfalto quente achando que de repente tudo vai mudar.
Dominique Arantes
Hoje , só reflexos.