sexta-feira, 31 de julho de 2009

Incorpóreo.

Já não falo mais. Te olho.
Uso palavras quando elas completam meu silêncio da forma mais poética possível. Não porque sou poeta , mas porque são teus olhos que me dizem poesias. Você não enxerga. Não quer enxergar. Mas estou te dizendo coisas em cada gesto. E você se finge de morto. Estúpido! Estúpido como só você pode ser. Está ainda esperando uma frase minha que vá te tirar do lugar. Mas eu não direi. Estou gritando com meu corpo e você não percebe. Estou te jurando dias quentes e você espera pelo som das sílabas se juntando. Pois as sílabas são ditas sempre que arrasto- me em você , o meu corpo diante de você é tudo que eu posso ser. Não é fútil , muito menos vulgar. Sou eu entregue , querendo dizer-te só, e somente , por respiração.
Se meu corpo berra através de suores você não pode senti-lo ? Como pode ser tão concreto assim ? Fique mais um pouco . Tire esse ar de quem quer entender o universo. Experimente senti-lo. Porque você não desliza sobre mim e tenta entender tudo que te digo? Agora farei um som. Compreende? É a minha declaração. Você me faz feliz. Estou me declarando e você esperando palavras... Estou te sentindo inteiro , navegando sobre seu peito. É isso. Meus movimentos te dizem tudo . Passe suas mãos em minha cintura . Agora pode entender-me? Não é possível. Eu não me canso. Ainda te direi , sem palavras, tudo que sinto. Não é esse o objetivo , mas quero tirar-te do chão. Estendo minhas mãos sobre mim mesma, agora você me vê numa dança só minha. Compreende a poesia ? Você sorri , me faz bem. Olha para mim como nunca antes. Estende seu braço em minha direção. Esta escrevendo junto à mim. Olha ! estamos dançando a mesma música. Não , não faça essa cara , não tente decifrá-la. As canções são só para serem ouvidas . Vamos dançar todas as posições até que o sol apareça por aquela janela. E ainda eu te direi, deitada sobre seu ombro, na completude de nossas respirações, tudo que precisa sentir.

Dominique Arantes.