quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

(Des)sintonia

Eu cansei de ser essa sintonia harmônica.
Cansei das pessoas acharem que eu não me importo.
Eu me importo sim.
Eu sou gente!
Gente sente, chore, esperneia.
Todo dia nasce dor e riso em mim.
E não sou só eu quem os planta, é o mundo.
Eu sou só filtragem.
Eu sinto medo, frio, saudades.
Muitas.
Sempre.
Eu cansei de ficar sorrindo, enquanto você acha que eu não vou me importar.
Para de achar que eu não vou me chatear ou me magoar.
Ou eu preciso gritar para ter um pouco de respeito?
Eu preciso bancar a sua grosseria e seu tom irônico para você considerar um pouco do tudo que fazemos um pelo outro?
Me usa que eu te uso. Mas não me use só. A gente é troca, à todo tempo.
Não posso com o seu olhar narciso sobre o mundo, fingir que ainda te quero aqui, ou me quero ai.
ão.
Até breve.

Sobre a efemeridade


Como as coisas que brotam com imensidão repentina podem esvaziar-se de sentido em tão pouco tempo?

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

sábado, 3 de novembro de 2012

Procura-se

Cavar os buracos aos poucos para não esquecer de estar vivo.
Ele achou que bastava navegar entre as ruas reais e os paralelepípedos sobrepostos.
Às vezes é preciso cair em buracos. Diz perplexo. Porém, sem lagrimas nos olhos.
A rua se fez deserta, onde será que as pessoas cavaram suas existências?
Ele queria compartilhar.
Mas já eram 3 da manhã.
ele se perguntou. Quem era eu?
Fui alguém. Agora estou parado desejando saber meu próximo passo.
Senta-se à calçada. Os ratos passam fazendo seus ruídos. Nada demais. Mandaram-me esperar.
Já vai amanhecer e quando as pernas passarem por mim, me ignorando tal rato. eu me procuro novamente entre os desejos das arquiteturas.

domingo, 30 de setembro de 2012

Ele vai sozinho. Mesmo quando o desejo é se tornar conjunto.
Ele vai.
Assim, partilhando-se pelo mundo.
Tentando captar desejos alheios em seu corpo.
vice-versa. E.
Ele queria ouvi-los.
Queria vê-los com os olhos curiosos.
Não.
Há uma desistência de todos os olhos.
Ele fica quieto remoendo a espera.
Agora novamente espera.
desejo frustado.
Agora partirá só.
E que se junte a ele quem desejar.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Vago

Sobre amor.

Será que as pessoas partem só para ter o prazer de se cravar na pele de alguém?

Sobre amortenidade.

Quando ele se desfez. Eu quis gritar no escuro. Ecoar no vazio. Eu queria esquecer o momento em que a porta se fechou. mas esse esforço faz de mim esse fracasso constante na tentativa de ser alguém sem alguém.
Você não pode partir assim e me deixar sem ventre. desventrada. com um buraco oco. um corpo vacuo, onde não consigo pontuar minha dor.
Por isso vago. eu sigo vagando. andando.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Parir

para estar vivo.

Da necessidade de ser sincero.

É preciso ser pulsão. potente. permanente. porém sem fincar-se em um só ponto. É preciso redescobrir as palavras e achismos a cada segundo. mas saber ser. com verdade. ser inteiro. com convicção daquilo que não sou. mas poderei ser outro que não aquilo que eu mesmo sei ser. que bom. estamos nos dando tempo de refazer toda essa bagunça criada desde os inícios de nós mesmos. é assim que se constrói casa. país. democracia de nós mesmos. só para saber compartilhar as coisas belas e sinceras. E belo não é aquilo que me mostraram ser harmônico. A beleza está nas confusões de todos os traços, nas existências sinceras, movedoras e comoventes. Aquilo que te transborda e te faz desiquilíbrio. Isso é beleza. 
Difícil não falar do que no peito se faz pulsação. deixar agir em nós. Não. Não nos conformemos com o que nos disseram. eles podem ter inventado toda uma ficção. A verdade é que a verdade é relativa. e outras tantas coisas também ... Mas ...... deixemos que nossas mãos se encontrem no tempo que elas determinarem .

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Solo

Lá tem sol
tem mar
tem amantes que sorriem pela manhã
pela tarde e noite

Lá onde tudo acontece
e as bocas ficam sorrindo pastas de dentes
Apesar de dizer sobre morte

Tudo que eu sei
é que eu estou no caminho
caminhando
andando com os pés tortos
dor no joelho
 e problema de coluna

Eu durmo
durmo meus sonos
sempre passo mal depois
de qualquer bebida

Lá pode-se tirar a tensão dos ombros
Lá pode dizer que sempre
não acaba
que é sempre

E tudo estará sorrindo
eles dão as mãos
e andam brincando
atrás das letras

A gente pode
tudo que a gente pode é construir tijolos
para construir casas
e construir pessoas

Agora,
eu vou continuar tentando te dizer
que não adianta procurar ali nossos corpos.

Playlist

Eu vou colocar uma música aleatória e dizer palavras
e ao final gostaria de te receber nos meus lábios
Apertei o botão que diz sobre que escolher sozinho,
o meu computador define por mim meu gosto
é uma música inglês
eu não sei direito o que diz
é algo sobre o que está acontecendo agora
não é sobre minha escrita para você
mas ele pergunta, 
o cantor
pergunta " o que está acontecendo?"
agora ele disse
love
life
gosto de como o som se move nesse piano
here
ele disse 
aqui
eu preciso dizer que fique
fique aqui
comigo
está ventando
ele parece morrer
não parta sem ele
por favor
fique
a gente precisa de você
isso dói
não se preocupe
tem uns barulhos e copos e chuva lá fora 
e coisas
outras
que me fazem lembrar 
um quarto branco frio
essa parte me lembra um último capítulo de uma serie que eu gostava
as coisas estão se partindo ao redor
percebe?
às coisas estão ruindo
vamos ficar aqui?
Me diga
eu não vou à lugar nenhum sem companhia
Ela disse aleluia
por favor
poesia não se faz sozinha
eu vou continuar tentando responder aquela nossa pergunta
a gente só se movimenta por isso
são esses transtornos estranhos que nossos corpos fazem
vem.

Antes de dormir

Calma,
eu vou pintar as paredes
vou encher de tinta
fazer as letras escorregarem
vai tudo ficar bem
a gente vai desenhar colorido
é assim que se alegra o dia não é?
Com quantos anos a gente desaprende a amar?
Ham?
Ela vai respirar
pegar um cigarro falso
um papel enrolado
só para ter o prazer de puxar o ar devagar
Ela vai dizer que seu peito está acelerado de mais para continuar com esse olhar
a gente precisa dar as mãos
Eu não entendo essa agonia no meu peito
eu preciso decidir os caminhos
Tem tanta coisa querendo ser gente aqui dentro
Hoje tem café
a gente vomitou na madrugada anterior, lembra?
O café nos deixará acordado
Hoje eu te apresentei minha casa
Ela gostou,
de você,
 a casa.
Diz sobre ela.
A gente quer te ouvir.
Eu não posso te ver
Eu não quero
se não vou grudar em você
por isso vendo meus olhos pelas manhãs
para esquecer.
Tem girassol na janela
por dia acordar
pega a chave
meus filhos não podem saber que você está aqui
não
não
não há pai
são meus
compartilho
espalho fotos por aí
todos sabem.
Sim
as paredes serão pintadas
as crianças preferem azul
pensam que é céu quando tem azul.
vou beija-las antes de dormir.