sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Suba

Antes de eu subir ao ônibus, eu disse. Espero que volte. Que voltemos. Um dia. Voltemos com nossos braços sobre os corpos. Eu disse. Como se abraça a ausência? Não chora. A gente está bem. Não vê? Estou indo arrumar a casa. a outra. É preciso tudo lindo, a flores compradas. Vou rasgar toda essa tontura que me envolve. Faz alguma coisa. Para de ficar parado, feito pedra gelada. E diz algo. Diz "estou de volta pro seu aconchego". Não, você não vai dizer. Quanta covardia presa num ponto de ônibus. Queria sua desmedida, para beijar-me aqui, sem saber ao menos se este desejo também é meu. Mas beija-me. Vamos. Aboli toda essa escravatura escrita na sua ética de convivência. Deixa-me trair o outro corpo que me espera. Só falta um impulso seu. Vamos. Vou indo. O ônibus dará partida. Estou partida aqui. Me leva contigo. Não vai adiantar o tchau do outro lado da janela, ele não preenche os dedos. Subo os degraus. Você fica .Então acesso.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Escritura

Quanta gente. Pudera eu ser o mar e me afogar em mim mesma. Eu o faço. Afogo-e constantemente nos tormentos deste corpo. Ele diz "quero te ser". Estou parada. Movimento meus caninos. Existe um barulho esquisito. Como se fosse possível ficar parada. Isso foi uma ironia. Estou fixa, mas sou movimento. Impreciso, claro. Não sei aonde irei dar, nem sei de mim dar as palavras certas. Eu digo "quero tecer, escrever movimentos". Deixe-me tecer os coisas tortas e bonitas. Gostos de coisas bonitas. Coisas que ficam nos sorrindo e pedindo abraços. Sei, elas nos rasgam, mas sorriem. Gosto de coisas que me rasgam. Não me deixe quieta. Quisesse eu parar, pediria a morte. Para parar tudo, toda a inquietação, e todos os rabiscos, parar a circulação do sangue. Parar, deixar de ser movimento é morte. Não! Eu vou dançar até a última linha, para não aceitar ser dada.