sábado, 30 de abril de 2011

Sei lá

Chorando a  melhor carne assada
A melancia na cabeça
O pudim que deixou o neto enjoado
As músicas  das tardes de calor
As danças pela manhã
Sentindo falta dos segredos surgidos no almoço
Das histórias repetidas à meia-noite
Das danças estranhas das tardes
Acabou a alergia pelo cigarro matinal ou pelo incenso
Acabaram as frases feitas
Acabou o copo lavado errado
A poesia rimada
Estou hoje querendo de novo o revirar das fotos
Desejando o almoço repetido
Gritando por uma reclamação


O abraço mais divertido, cumprido, e dançado
A sintonia, feito música, dos corpos dos olhos


Acabou a "saudade é uma flor roxa que nasce no coração do trouxa"
Porque hoje serei trouxa e chorarei todas as saudades.
Tudo fica.

domingo, 17 de abril de 2011

Gosto

Eu queria falar com você. Dizer sobre o que a gente não conseguiu construir. E dizer que foi bom, que foi gostoso. Que nossos encontros foram essenciais. E que eu podia debruçar-me outras centenas de vezes sobre seus lábios se você assim também quisesse. E que quando seus olhos me falam, tenho vontade de pular no seu pescoço e dizer que sim, que agora a gente pode se conduzir inteiros sobre a cama. E dizer para você acreditar na minha presença ao seu lado. E dizer as tantas coisas que não foram concretizadas mas que seu sorriso e sua vontade permanecem em mim. E que eu ainda acho que vamos nos achar de novo, em um outro momento. Mas eu não falo nada para não criarmos uma história que ainda não existiu e não quebrarmos a idéia de existir em conjunto de verdade. Desculpe-me a sinceridade, mas sinto falta dos seus braços na minha cintura.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Mesmo que eu tenha que mudar os móveis de lugar...

Eles vão carregar nossos corpos,
Vão trepar escondido,
Vão sorrir pela manhã,
Vão comprar flores,
Os moveis vão dizer eu te amo, e depois partir.

Mesmo que eu mude os moveis
ou compre outro imóvel
Mesmo que eu abrace as plantas
ou crie um cachorro
ou rale o joelho no asfalto quente

Não se pode desmemorizar afetos.

sábado, 2 de abril de 2011

Sobre o que vem depois

Prendo meus lábios ao seu.
Dói a forma que nossos corpos escolheram para criar comunicação.
Dói o seu gosto na minha saliva. Seu gesto.
Não me diga sobre os outros corpos. Eu não estou criando nossa posteridade.
A gente se fura só com esse instante e depois a gente despensa os fluxos.
Se deixa partir. Sem ficar pedaços. Partir.
Eu não sei escorregar meu corpo no seu sem carregar os pedaços.
Desculpa. Eu menti sobre a posteridade. Sobre o que não vem depois.
Você me dói. Estou latejando sua pele em mim.