sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O corpo precisa falar
a gente se mexe
de um lado para o outro
estraga o estomago
mas esquece do grito entalado
de desejo
ali mesmo
onde ficaram os abraços repartidos

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Por hoje, minha sinceridade.



Eu queria dizer sobre nos dois. Na verdade, queria parar de dizer, para que saiamos dessa teoria estupida que inventamos para evitarmos a nos mesmo, para que paremos de ensaiar o recomeço, e que sejamos concretude de novo. Não é difícil, basta que sejamos com todo nossa sinceridade. Basta viver sob o olhar da nossa sinceridade. Porque se os corpos já nos dizem conjunto, para que adiar nosso compartilhamento? Eu quero sim, poder te dizer, 356 vezes sobre quando os seus braços abraçam meu corpo. Eu quero inaugurar-nos diariamente, para que sejamos sempre novidade em nos mesmo. Com você assim, queria construir lençol, travesseiro e coberta. Eu aceito nossas desculpas esfarrapadas e nosso medo de amar. Até daqui à dois minutos, para que quando eu terminar minha fala nossos lábios se encontrem, e transforme nossa covardia em potência. É esse o sentido da felicidade, não? Ser o que se é. Eu necessito de nós. E isso não é racional, é sobre verdade. Quero olhar seu sorriso, só isso, e poder compartilhar o meu. Eu estou te pedindo nossa eternidade, mesmo que não seja para sempre. Mas sejamos eternos agora. Por favor, me beije.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Cotidiano

Eu tenho chorado todo dia. Todo dia. Só para dizer sobre amar. Sobre a saudade que me cava buracos no estômago. Sobre a ausência lembrada nos porta-retratos. Choro sobre a estáticidade dos móveis, cravados no tempo, querendo dizer, tentando explicar, a impossibilidade de mudar de lugar. Eu tenho doído. Tenho estado mais feliz também. Mas tenho me rasgado mais. Eu agora choro, porque dizer saudades em palavras, dizer sobre o desejo do abraço ausente é quase que arrancar um pedaço. Eu choro não para que as lágrimas carreguem os pedaços e me façam esquecer. Não. Choro a necessidade de sempre querer estar. Não querer voltar ao tempo, mas querer desejar de novo, mais uma vez, desejar o abraço perdido por baixo da terra. Que cruel essa coisa de viver. De continuar aqui, de ter que mover enquanto a garganta se contorce para calar. Porém, andar, um pé após o outro. Pegar meu chaveiro e abrir a porta.