sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Açúcar ou adoçante?

Açúcar ou adoçante?

Em prática, não fiz nada . Liguei o som e deixei que uma trilha de um filme acompanhasse nossa noite. Ele entrou, tirou o terno e jogou-o no sofá como era de costume, sentou-se e, assim que pisei na sala, olhou-me de baixo à cima tentando desvendar o que tinha por baixo daquele meu vestido preto. Dei meia volta, deixando que ele me analisasse por inteiro, e então sentei-me em seu colo. Desabotoei os dois primeiros botões de sua camisa e dei-lhe o primeiro beijo, o primeiro daquela noite , que certamente terminaria com um cheiro de café vindo da copa. Ele levantou-se comigo em seu colo e disse:

_ És à mais bela criatura que meus olhos podem ver.

Respondi com um sorriso tímido, e os olhos em sua boca. Ele colocou-me em pé e sugeriu uma dança. Ah... a noite estava propícia para os amantes . Não digo por mim , nem por ele , mas pelo ar parisiense que embriagava toda cidade. Dançamos por dez , não , digo, trinta minutos , ou poderia ser uma(1) hora. Bem , não me lembro do duração do tempo, só dos seus olhos a olhar meus pensamentos. Depois da dança, sentamos para jantar, como nos filmes e na minha imaginação. Certamente, esse era o amor que cabia em meus sonhos, pelo menos por alguns instantes. Ah .. a janta . Ele me conhecia, sabia que eu não possuía a prática da culinária, ao contrario dele, que sempre preparava as mais deliciosas receitas. Mas a surpresa era minha , e eu que tivera que preparar nosso jantar . Confesso , liguei para o restaurante mais chique das redondezas e encomendei a degustação. Obviamente não estragaria nossa noite por causa de alguma receita mal preparada.

Ele foi acendendo todas as velas e apagando às luzes, a música nos rodeando , e logo sentamos à mesa . Rimos , comemos , relembramos , brindamos com vinho à mais um dia de amor . Lembramos do nosso primeiro encontro: eram 17 horas e eu estava sentada na areia observando o mar e o céu, com os olhos cheios de água querendo chorar por outro alguém, quando um rapaz sentou do meu lado e disse “_ um lindo dia para se apaixonar, não acha?” .Foi a cantada mais brega que já ouvi na minha vida , e ele mesmo concorda com isso, mas havia funcionado.

Acabamos o jantar, brindamos mais e mais vezes ao amor , hoje , ao nosso especificamente. Troquei o cd. Dançávamos agora ao som de Edith Piaf . O que nos levou a crescentes sensações . Fomos caminhando entre beijos , sorrisos , suspiros , mãos e pele . Já no corredor desabotoei sua camisa por completo, ele soltou meus cabelos, enquanto beijava-me o pescoço, e conseguiu desvendar parte do que estava por baixo do pretinho básico feminino . Chegamos ao quarto, e os mais altos tons de Piaf já se tornavam baixos diante dos sons que nossos corpos faziam. Não sabíamos que horas eram , e assim amamo-nos com paixão pelo tempo que permitimo-nos. Em cada ação dizíamos com nossos corpos e olhos, sublimes frases de amor, capazes de deixar muitos poetas boquiabertos.

Já deitados , agora com a leveza de um respiração infantil , olhávamos um para o outro e antes que um “ eu te amo” surgisse de uma das bocas , o sol adentrou a janela do quarto em sua forma mais bela e disse por nós . Ele se levantou e soltou a primeira frase de um novo dia que se iniciava :

“_ açúcar ou adoçante ? ”

Dominique Arantes

domingo, 6 de janeiro de 2008

Sua nudez não será castigada.

"Meros instantes

constantes de versos

cada curva uma palavra

e seu corpo todo em rimas


sem castigos

ou inimigos

coração pulsante

a cada instante


A pele pelo corpo passa

Passando a ser minha também

Em pleno verão ou em qualquer estação

A mim, isso tudo convém.”


Dominique Arantes