quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

SOM ( 3 da manhã)

São 3 da manhã , e o silêncio fala nesse corredor vazio . Abro a porta e nenhum som , a não ser da minha própria respiração que demonstra minha indagação sobre o meu próprio ser . Os olhos não fecham , um coração ainda pulsante , numa velocidade mediana , lembrando e absorvendo tudo que recebeu nos últimos meses.Coitado , passou a vida sonhando e quis brincar com a realidade . Ele ainda sangra. Mas sangra sorrindo.Ando pelo corredor escuro , sentindo um vento que vem da ultima janela. Todo meu corpo se arrepia ao ver , que não vejo mais nada. Nada real. Assim corro e pula à janela. Caio numa estrada. Vou seguindo em frente , colocando em minha mala cada qual que levarei comigo. Cada gesto , cada amor , cada dor , cada riso , lagrimas , cada cada que possa caber em minha mala ..
A hora já não se sabe mais , os amores passaram , os que consegui coloquei em minha mala, alguns não tiveram força para partir junto à mim , então deixei-os ficar onde pareciam estar mais seguros. Na estrada abre-se uma bifurcação , e eu tenho que escolher. 2 carros passam por mim , um zero seguido de outro , então vem oito questões para me sugar . São oito . Só oito . Que amores eu levei? Que dores que deixei para trás? quais sonhos tive que me desfazer ? Em que deixei de acreditar ? no que passei a acreditar? Minha mala está cheia para continuar ou está vazia para enche-la no próximo caminho? Consegui pousar em terras firmes nos meus últimos vôos? Tudo é real?
Ah , viajantes desses carros , rápidos demais .. Pensem ! Eu estou levando os meus maiores amores comigo , seja numa lembrança ou nos beijos de agora. As dores , todas ficaram para trás , se tiverem lagrimas , essas viram de novos choques. Eu ainda acredito nas pessoas , na bondade , na pureza e no gesto real . Deixei de acreditar nos encantos de um príncipe qualquer, e passei a acreditar nos encontros da vida. A minha mala ? Essa está pela metade , nem cheia , nem vazia , mas aberta para que o que quiser ir embora vá e o que quiser entrar , adentre no meu mundo. As terras que pousei foram todas desconhecidas , me trazendo uma sensação inigualável de experimentação . Voei para me jogar em novos sorrisos , em nuvens , indo para onde o vento pudesse me levar. Vendo tudo do alto e pousando onde me convinha . Os sonhos são sonhos e são reais . Eu já não sei de que carne e ossos sou feita , de tanto que minha mente idealiza a vida , as pessoas , e a mim mesma. Eu já não sei . Meus erros são todos tão sinceros , assim como minhas desculpas. É tudo verdadeiro e real , porém excessivamente sonhado , excessivamente impulsivo.
Eu agora estou enfrente à bifurcação, ainda . Minha mala esta aberta . Minha mente clara e meus passos reais. Meus vôos menos distantes , meus amores , meu amantes serão todos eternos . Minha busca pela imperfeição atenta à meus loucos devaneios de quem ainda não sabe de quase nada dessa vida. Um sorriso e muita força para trilhar novos caminhos , e muitos Vôos . Sim sou dicotômica e minha estrada e encantadamente bela e real.

Dominique Arantes


Feliz 2008 para todos!

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Coffee Break



"O que lhe importa?

Quem lhe importa?

O que entorta ?

Seu vida é morta ?


Um café ,

Pausa.


5 segundos :

1, 2, 3, 4, 5 .. Já!


Recomeço :


O que lhe importa ?

Dê três passos à direita ,

Ligue o celular,

Pegue um microfone e cante :

Sem vida morta ! Quem se importa?


Zirigudum , tunderundê , lalala , ilarilarie


Ô ô Ô ?

E cadê o seu amor?

Perdeu-se no segundo andar ...

Entrou outro no elevador..


Você se importa ? de mudar a rota?

De mudar de dor ou de amor ?


Quem ? com quem ? de quem ?

Eu . Contigo . minha ,só minha e de mais ninguém .


Café , em pé ...

cigarro ,

bronquite ,

pulmões gritando : Alguém ai se importa?


Café , sentada ...

Gastrite gastrite...

Estomago grita : Que vida torta!


Café no fim ,,,

Sem rima e poesia ...


Uma trilha de amor ou de vida vadia ?

Será que entorta ? Alguém bate à porta!

Amor, Amor e nada mais importa!


Senta ai ... toma um café que amanhã tudo estará de pé.


Veja ...

Dos olhos o mar saiu, e fez "plec" na bacia de alumínio do vizinho.


Eu me importo !

quem mais?

Ele levantou a mão , mais alguém ?


1, 2.. certo ,

3 ,

outro mais no fundo

4 , 5... Já!


Recomeço ..."


Dominique Arantes


Menos sonhos , mais vida. Sonhar vivendo ou viver sonhando? sonhar para viver ou viver para poder sonhar ??? Café faz efeito!


"Les temps sont durs pour les rêveurs" ( mais ou menos : " A vida é dura para os sonhadores" , ou algo muito proximo disso.. rsrsrs .... foi oq ue me disse o google) Frase dita por Eva ( Claude Perron) em " O fabuloso destino de Amélie Poulain" . Quer moleza ? Senta no pudim ( ditos populares esdruxulos às vezes conseguem resumir o que seria uma grande explicação, cheia de experiências pessoais) !Eu prefiro continuar sonhando , porém bem acordada!


domingo, 9 de dezembro de 2007

esquina



"Num canto qualquer , ele ainda está preso.
Ainda quer um que do tal de tudo do pouco que restou.
Ainda respira um ar do verde de sua esperança,
Está preso à qualquer lembrança , vingança , amor...
Está jogado , subjulgado pela partida de sua amada .
Foi posto em uma armadilha , e para ele nada resta além do amor.
Magoa já não há , tristeza só pela saudade, gritos só em silencio ...

Ele tenta sair mas uma grade o prende,
Ele muda , se camufla , fica serio quando deveria sorrir
Sorrir para o mundo quando deveria fechar-se em si mesmo.
Mas ainda é o mesmo , com alguns medos , milhares de defeitos e poucas qualidades.

Sempre se olha no espelho sabendo de si , tentando encontrar-se.
Certa vez , se jogou no mar, depois de ver sua imagem refletida, procurando por si mesmo.
Não , não como Narciso por encanto de sua própria beleza , mas por tentar encontrar a si mesmo para entender o que queria e o que era.

Pobre rapaz , ainda não aprendeu amar ....
Quer um futuro mas não consegue dar passos mais largos.
Sempre volta a olhar sua amada pela grade de sua prisão.

A saida é pelo outro lado !
Mas poucas vezes ele enxerga .
E quando enxerga , pensa estar livre,
Mas volta a ouvir a voz de sua amada e volta para saida sem volta , a saida sem passagem , sem saida , só grades ...

Ele ainda tem esperanças ,
de dessas grades sair esperançoso ,
ir inteiro para o verde.

Ah meu menino ,
Abre teus braços para novas paixões,
para novos mergulhos e voôs.

Esqueça , esqueça , esqueça ...

e dela só te restará algumas lembranças , alguns risos e tantos outros riscos,
Todos sem cores , mas todo o amor ainda lhe virá num arco-iris de emoções."



Dominique Arantes

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Tudo que poderia sorrir , sorriu. Tudo que poderia ficar , ficou.


"Fumo de tabaco rói o ar.
O quarto -
um capítulo de inferno krutchônikh.
Recorda -
Atrás desta janela
pela primeira vez
apertei tuas mãos, atônito.
Hoje te sentas,
no coração - aço.
Um dia mais
e me expulsarás,
talvez, com zanga.
No teu "hall" escuro longamente o braço,
trêmulo, se recusa a entrar na manga.
Sairei correndo ,
lançarei meu corpo à rua.
Transtornado,
tornado
louco pelo desespero.
Não o consintas,
meu amor,
meu bem,
digamos até logo agora.
De qualquer forma
o meu amor
- duro fardo por certo -
pesará sobre ti
onde quer que te encontres.
Deixa que o fel da mágoa ressentida
num último grito estronde.
Quando um boi está morto de trabalho
ele se vai
e se deita na água fria.
Afora o teu amor
para mim
não há mar,
e a dor do teu amor nem a lágrima alivia.
Quando o elefante cansado quer repouso
ele jaz como um rei na areia ardente.
afora o teu amor
para mim
não há sol,
e eu não sei onde estás e com quem.
Se ela assim torturasse um poeta,
ele
trocaria sua amada por dinheiro e glória,
mais a mim
nenhum som me importa
afora o som do teu nome que eu adoro.
E não me lançarei no abismo,
e não beberei veneno,
e não poderei apertar na têmpora o gatilho.
Afora
o teu olhar
nenhuma lâmina me atrai com seu brilho.
Amanhã esquecerás
que eu te pus num pedestal,
que incendiei de amor uma alma livre,
e os dias vãos - rodopiante carnaval -
dispersarão as folhas dos meus livros...
Acaso as folhas secas destes versos
far-te-ão parar,
respiração opressa?

Deixa-me ao menos
arrelvar numa última carícia
teu passo que se apressa."


Por Vladimir Maiakóvski


terça-feira, 27 de novembro de 2007

Lua em véu

Ela vestia vermelho

Ele uma calça branca

Queriam ficar juntos

Mas tinham medo do futuro


Ela chorou por amor

Ele amou suas lágrimas

Abraçaram-se até anoitecer

Não querendo que o dia terminasse


Ele disse “ eu te amo”

Ela fez que sim com a cabeça

Sussurraram paixão

E respiraram o amor


Ela deitou-se na grama

Ele se fez de lençol

Contaram baixinho,

Tremeram de frio.


De mãos dadas continuavam

Ele cantava para ela dormir

De mãos dadas continuavam

Ela dormia para ele cantar


Eles eram jovens

Eram movidos a emoção

Toda noite fugiam para ver a lua

de dia pensavam em como fingir


Toda noite temiam serem pegos

Toda hora caiam na gargalhada

Todo minuto cantavam

Todo segundo se amavam


Um dia, quem sabe,

Saiam sem medo

Um mês, quem sabe,

Rebelem-se contra os outros

Um ano, quem sabe,

Entrem na roda sem véu


Ele sorri esperando esse dia

Ela lacrimeja temendo não chegar


Seguirão ,

Amando-se até a hora da descoberta.



Dominique Arantes

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Botão da camisa aberto , um maço de cigarro no chão , roupas espalhadas e ele ao meu lado. Respiração forte, olhos fechados sonhando com sabe-se lá o que. Quem sabe eu ainda permeio essa mente enquanto ela sonha , quem sabe outra , ou quem sabe simplesmente vôos , lembranças ou sonhos mesmo.
Eu estou aqui, deitada, ao seu lado, olhando, tentando entender essa camisa em mim, os infinitos beijos , as risadas , a música que toca em meus ouvidos toda vez que nos beijamos. Eu estou aqui. Eu, que acabei de fechar os olhos e já os abro cheia de questões. São 6 horas da manhã e ainda não fechei os olhos . Digo , ainda não comecei a sonhar , pois meus olhos já se fecharam dezenas de vezes para o tal descanso , mas minha mente os obriga a ficar aberto. Às vezes me pego, como nesse momento , lembrando de quem não deveria , ou deveria . Ainda há outra pessoa que vagueia meus pensamentos . Sim, meus pensamentos, que horas estão tão longe que me afundo em lembranças, nas boas somente. Talvez seja isso, deveria eu me lembrar das dores, dos choros, dos medos. Mas não, hoje seria um dia especial. E acordei querendo lembrar-te. Levantei, abri minha bolsa, pintei as unhas da mesma cor que tinham elas quando tiramos aquela foto em preto e branco, que cores não tinha, mas exalava nossa paixão em vermelho; ouvi a canção que nos faz lembrar, peguei o telefone para ligar-te, lembrei de um show, desliguei o telefone. Andei pela casa . Vi seu sorriso no espelho, era ilusão de óptica, pois você está longe daqui, e com outro alguém. Gritei cinco vezes em silêncio, como as tantas vezes que ao seu lado eu me desesperava calada sem sua percepção. Caminhei , cantei , dancei ... Nossa! São 7 horas da manhã e ele dorme como um anjo. Fiquei sentada olhando aquele corpo sob nossa cama _ digo, a cama dele _ decidi não perder mais tempo com lembranças, não tentar mudar algumas coisas. Para mim , resta saber que ainda há vida brilhando como o Sol em seus lares .
Tomei meu café , voltei a deitar e, ele aqui ao meu lado, em silêncio, dormindo como um anjo , me amando com seus olhos e sorrisos toda vez que me abraça , que fala , que ama.


Dominique Arantes

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Asfalto Quente

Pés descalços no asfalto quente. Assim sigo, achando que de repente tudo pode mudar. Pés queimando ao me jogar no mundo, sem proteção alguma. Só com a idéia falha do que eu sou. Vendo um mundo complexo, caótico, me coloco em minha janela. Numa estrada curvilínea que volta e meia me apresenta novos passageiros , ou me traz antigos.
Assim vou indo , vou vindo , volto na “volta e meia” e dou meia volta mudando meu local de chegada. Dos gritos e choros daqueles que de mim se extinguiram , pensei estar a salvo. Me proteji com minhas gargalhadas . Mas a estrada tem curvas , e nos proporciona reencontros. São segundos , tensão e ,logo depois, evaporação. E nas curvas da estrada decido seguir. Estendi as mãos para quem não quis , quis ter as mãos de quem se virou , abri aquele livro na pagina 70 e li aquela frase, liguei o som o tocou aquela musica. Corri, sai da minha janela e me joguei no mundo.
Correndo sem proteção, sem proibição , experimentei o que não achava certo, joguei fora todos os rascunhos de mim mesma e decidi ser qualquer coisa de indecifrável. Não foi uma escolha, foi uma descoberta. E assim descobri que nem você sabia o que era, para tentar me julgar. O asfalto já não me queima mais .A vida em si tem um gosto de aventura, se você quiser que ela tenha. E eu quero. Mas, tem que haver coerência entre seus atos e suas palavras, controle entre seus desejos e suas ações, e consciência de que cada passo é uma escolha , o que nos traz conseqüências boas ou ruins , porém eternas. Essas conseqüências fazem da minha vida, uma nova vida a cada tentativa. Eu sendo eu mesma , sempre , porem me possibilitando novos saltos. Sim , estou de novo no asfalto quente achando que de repente tudo vai mudar.

Dominique Arantes


Hoje , só reflexos.

domingo, 28 de outubro de 2007

minha menina

Moça doce do sorriso pequeno

Moça doce da risada engraçada


Canto de acalento

Onde me encosto para repousar .

Com sua voz me cubro,

Com seu sorriso me esquento.


Que olhos risonhos

Que se fecham para seus dentes mostrar .

Que abraço gostoso ,

Endosso pra ti todo que sinto.


Menina sapeca

Mulher mais esperta,

Correndo na terra,

Lambendo os dedos.


Criando desencontros,

Confundindo cabeças.

Achando a ternura,

Nas ríspidas frases.


Enquanto te esperava,

Falei, por ai, suas palavras,

Cantei, por aqui, seus versos


E quanto a você

Viva na vida,

e no faz-de-conta


Depois conte quanta gente viu ,

Quantas sentiu,

Quantas teve que dizer adeus.


Fique quieta por um segundo,

Me olhe , me diga sem som o que queres do mundo ,

Depois deite em seu travesseiro.

Pronto, mudaste meu mundo inteiro!



Dominique Arantes

domingo, 21 de outubro de 2007

Dos confetes e serpentinas.


Era fim do carnaval,

Os confetes e serpentinas ainda estavam no chão.


Era fim do carnaval,

Desacreditados e mendigos

Rodeavam as ruas

Sem a euforia de outrora.


Não tinha mais batucada,

Não havia os beijos dos mascarados ,

Nem fantasias .

Todos agora estavam despidos.

Não de roupa ,

Estavam despidos de qualquer ilusão que os preservassem


Agora, nus.

Voltavam à sua vida.

Homens nos ternos

Mulheres nos saltos.


Beijos desconhecidos

Alegria dos blocos

Blocos das cidades

Cidades eufóricas.


Tudo Memórias.

Agora as imagens ficavam vagando nas mentes.

Mas os sorrisos, ainda sim, continuavam nos rostos

Os corpos cansados, executados por um mecanismos maior,

Ainda se mexiam como tambores.


Alguns prosseguiam com a alegria carnavalesca

Outros, caiam na depressão das leis da sobrevivência.


Não se abandona o carnaval !

É absurdo não vermos mais a euforia da tristeza ,

Nem a loucura invisível dos sonhadores.

Ao normal nada deve voltar!


Poucos foram os que dançaram pra sempre as marchinhas de fevereiro.

E esses sim, foram felizes.

Eternos amantes dos confetes e serpentinas.




Dominique Arantes

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Trechos de Ana











"_Pertinente pra você, falar de amor, enquanto passa o dia vendo filme e comendo pipoca, achando que a vida é um musical!"


domingo, 16 de setembro de 2007

Primavera

Cante o seu canto doce,

Cante se for valer .


A cada sorriso encantas a todos ao seu redor.

No corpo adulto e jeito de criança,

você foi indo e vindo até mim .


Se juntando à minha mente,

Sendo parte dos meus sentidos.


No cheiro , no olhar , nos beijos molhados ,

De flores , que duraram toda primavera ,

E chegaram até o verão.

Quentes como seu corpo , que se derretia junto ao meu .


Murchas, para serem cobertas por todas as folhas

que caiam sobre a grama do outono, as flores ainda persistiam .

Enquanto embaixo de uma amendoeira sonhava contigo,

Já não lembrava mais da doçura de sua voz , nem do gosto da lembrança.


E no inverno tudo se cristalizou

Com o frio que em mim fazia .

E nada mais ...

Nem lembranças,

Nem sonhos,

nem medo ,

nem amores.


Venha!

Cante novamente ,

Já é primavera de novo!

Quero lembrar-te em mim ,

E sentir sua pela , seu tom de voz em meu ouvido.

Quero seu cheiro , cheirar.

amar seus abraços,

caminhar em você.


E que dessa vez , as estações mudem sem causar-nos mudanças ,

Porque dentro de nós será sempre a primavera a cantar."


Dominique Arantes

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Pausa

E ,
por meio disso tudo ,
decidi parar
E encontrar em ti o que havia perdido.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Pedaços

Calam-se os olhos
Fecham–se as bocas.
Momento de pausa
Perdido entre futuro e lembranças.

Marcando o caminho,
Por falsas tentativas,
Por falsos medos ,
Estão as pétalas de cada rosa que se perdeu.

O cheiro se foi,
O mar levou pra perto de outro alguém
O que deveria continuar aqui.
O vento carregou os bilhetes das mudas palavras,
Que mudas, mudaram o destino .

O retrato já rasgado
Ficou fixado naquele porta-retrato velho
Colocado na ultima gaveta
Entre entulhos , papéis e coisas já sem valor.

Esquecido ,
Esquisito aos gostos comuns
Temido pelos que lembram
Sumido para os que seguiram

O copo de vidro
Meio cheio, meio vazio
ainda contém uma pedra de gelo.
Água sólida, endurecida pela frieza do ambiente

A pedra , de gelo ,
não se deixa derreter
E ,mesmo sabendo que isso tornaria o whisky mais saboroso,
Prefere continuar na sua sólida solidão.

Dominique Arantes

sábado, 4 de agosto de 2007

Pássaros

"1 , 2, 3 ...

Deu seus primeiros

Desequilibrou ,

e não mencionou sua dor


Aquela mulher não era mais a mesma.

Olhou pra trás, dessa vez sem medo do que viu,

E seguiu .


Deu mais 5 passos em direção ao sol ..

E, em cada passo, se distanciava do passado.

Os passos eram asas, ainda frágeis,

mas tentando fazer a donzela voar.


Estendeu as mãos,

não tinha mais abrigo.

A única maneira de continuar de pé

Era seguindo.


Acelerou os passos

E chegou a correr

E quanto mais olhava para trás

Dava-se conta de que seu presente, ainda indefinido,

Tinha largado de vez o passado.


Correu tanto que saltou

E dos saltos, voou ...

Sentiu o ar em seu rosto

Sentiu-se liberta!


O vento batia em seu corpo

E carregava para um infinito distante

Todos os seus medos e indagações


Voava livre e leve .

Abria seus braços ,

Mas nada abraçava.

Só seguia.


Até que voltou a colocar os pés

Em terra firme.

Era um chão duro

cercado de folhas secas de arvores centenárias .


Ela voltou a caminhar,

Estranhando o local em que se encontrava.

Tudo novo e estranho aos seus olhos.

Não temendo o perigo , seguiu em frente.

Seguiu, seguiu, e não achava a chegada,

Então decidiu não buscar o fim do caminho que percorria

E sim, percorrê-lo.


A noite chegou ,

olhou pra trás ,

não via mais os rastros dos seus passos ,

nem as vozes soavam mais em seus ouvidos.


Então caminhou feliz,

Crendo que tudo havia acabado.

Olhou pra trás pela ultima vez,

E, por não ver onde pisara,

tropeçou numa pedra.

Caiu com a testa no chão,

Abriu os olhos e reconheceu aquele piso.

Levantou-se lentamente,

Enquanto sentia o gosto de sangue em sua boca.


E de repente, viu-se no mesmo lugar em que partiu.

Havia, esse tempo, todo andado em círculos

E quanto mais corria mais se aproximava de onde partiu.


Desatou a chorar, quando percebera que tudo houvera voltado.

Olhou aquelas pessoas, aquele lugar, sentiu aqueles sentimentos.

Enxugou as lágrimas, limpou o sangue ,

E decidiu seguir novamente.


Sorriu novamente,

E quis percorrer tudo de novo"


Dominique Arantes

sábado, 28 de julho de 2007

Despedida

"A notícia chegou e fez o menino chorar

Fez-se forte , mas não agüentou

Fim , medo , novo , culpa ....

Tentativas , busca do racional por uma explicação clara

Busca da explicação da dor.


A menina , visivelmente sempre mais sensível ,

Não esperou uma respiração completa,

E desabou a chorar.

Como se as lagrimas fossem capazes de preencher o vácuo que se fez em seu peito

Derramava gotas forçando-se a acreditar ,

para o seu próprio bem e para o bem de todos ,

que era essa a única forma de se solucionar tal caso.

Pois foi isso que ouviu da mulher.


Sim , A mulher .

Aquela imagem cheia da vida , força , amor ,

Após colocar todos em seu peito de mãe e acalmar as almas,

Não reteve suas lágrimas e meio escondida ,

Abraçando seu homem , chorou.

Deixou que se manifestasse a dor da perda.


Já o homem , remediou à todos :

Fortaleza , abraços , palavras,

Tudo que poderia ter feito para melhorar

O ar que se fez.


O homem-menino entrou calado e

Saiu da mesma forma

Precisava se fazer forte para si mesmo e para a menina.

Já havia chorado , não o suficiente ,

Mas o bastante para diminuir seu vazio.


Vazio que se contrastou com a riqueza

E a beleza da ingenuidade infantil ,

Que gargalhava ao ganhar uma partida de um desses

Jogos que essa geração consome sem pudores.


Risada gostosa ,

Sorriso sincero,

E questionamento sobre as lágrimas.

Despistado ,

e após engolir qualquer explicação sem coerência alguma

dormiu como um anjo.


A menina ainda busca , assim como todos ,

Cessar seu choro.

Por isso escreve.

Tenta colocar no papel e em palavras,

A vazio indecifrável que sente.

Ficando só com a imagem do que se foi ,

E fortalecendo-se para o que vira


Deixa a alma que deve seguir , seguir.

Mudando os canais , ouvindo música.

Fazendo qualquer coisa que à distraia e

À faça lembrar com menos freqüência.


A despedida fica nas lembranças,

Nos risos , nos doces , sorvete , abraços, na reza,

Pensamentos para que essa alma , já desmaterializada,

Encontre a luz , e uma outra realidade que , para ela _ a menina,

Parece ser bem melhor que esse mundo de rancores , remorsos,

e egoísmo em que se encontra.


Mas assim vive , e acha na vida a beleza do simples viver.


Dominique Arantes , 27/07/2007.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Fantasia




No minha fantástica imaginação

Te vejo vindo assim

Vindo e sorrindo


Fantasio o calor do seu toque

O macio da sua boca

Seu cheiro seu sorriso


Arrisco desprender-me

Por um minuto

De tudo e de todos


E só te sinto



Só meu corpo por cima do teu

Que se mistura e se perde


Sem visão

Nossas mãos se encostam

E se prendem no outro

Respiração ofegante

Confiança

É a sensação da experimentação


Eu que te tive tantas vezes

Agora te descubro

De repente sinto tudo mais profundo

Diferente


Você , em mim .

Já não era sem tempo

De amar a fantasia e torna-lá real

Fazer do amar

O amor natural


O encontro de dois

Dois corpos

Dois amores

Dois mistérios


Dominique Arantes

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Corpo e alma

" Noite fria. Corpos que saem em busca de algo para se esquentar .
Uma bebida , um outro corpo , o novo corpo.
Corpo novo que se junta no calor do beijo , e se faz descoberto entre mãos macias . Sensações!
A saudável beleza do prazer carnal . Prazer, sexo, energia que procura explodir no encontro com o outro . Puro prazer ou prazer puro?
O que há de pureza no só sentir e se deixar levar pelas sensações?
Eu vejo a pureza , a pura pureza do prazer , sem alma , sem sentimentos , só sentidos.
Olhos fechados, não se sabe quem é o outro e nem porque o escolheu , mas o corpos se atraíram e se aceitaram , sem a burocracia da alma para questionar. Almas já esgotadas de tanto serem maltratadas pelo amor , ódio ,lembranças , pudores , medos , receios, derrotas , vitórias , pela Vida.
Não , pelo menos nessa noite fria , não se quer colocar a alma em primeiro lugar , quer-se o corpo coberto por outro corpo.
A noite chega ao fim , os corpos de desgrudam , o frio volta , e a alma ,que foi deixada de lado , ainda se encontra esvaziada. Esvaziada , Ex , vazia , dá , vazia da vez , dá ! esvazia! , azia se fez , não fez , desfez , refez , mal fez , e fez. Agora , com o corpo já aquecido , a alma se encontra fria , pois ia tentar de novo buscar encontrar o novo , e se perdeu no corpo"


Dominique Arantes

terça-feira, 10 de julho de 2007

Menino homem

Menino homem
Na grandeza de um sorriso

Na força de quem não tem medo

Vive um mundo que é seu.


Leve como seus saltos,

São seus sonhos,

Seus abraços.


Embaixo dos cachos,

Agora já desfeitos

Cada história, cada vida.


No palco é quem mais brilha.

Na vida é quem mais me faz sorrir


Que mistura mais gostosa essa a sua:

Meio menino , meio homem,

ora sorrindo, ora chorando

ora isso , ora aquilo


Suas pisadas pesadas mostram o amadurecimento,

Mas seu sorriso ainda traz a inocência

De quem quer mudar o mundo


Talvez, falte-lhe calma e a serenidade

De um alguém que já sabe como o tempo é sábio.


Enquanto isso ,

Siga com seus saltos , seus grandjetés,

Seus giros , e assim vá girando o mundo

Até que encontre seu lugar.



Dominique Arantes

domingo, 8 de julho de 2007

Versos de Ti

De um papel em branco brotam os versos

Brota o mundo , a vida , os seres.

Minha impressão pessoal

Sobre coisas que não tenho conhecimento algum,

Ou sobre outras que me encontro por inteiro.

Num papel , uma caneta ,

A música soa , e as imagens vem:

Passado , que se mistura com o presente

Na tentativa de desvendar o futuro.

Escrevo os mistérios da vida ,

De mim,

De ti.

Escrevo em métricas tortas

E tontas de emoções

Escrevo com aquilo que não creio mais

Então Experimento sentir de novo

E assim entre palavras adivinho e mundo

E me descubro nele