São 3 da manhã , e o silêncio fala nesse corredor vazio . Abro a porta e nenhum som , a não ser da minha própria respiração que demonstra minha indagação sobre o meu próprio ser . Os olhos não fecham , um coração ainda pulsante , numa velocidade mediana , lembrando e absorvendo tudo que recebeu nos últimos meses.Coitado , passou a vida sonhando e quis brincar com a realidade . Ele ainda sangra. Mas sangra sorrindo.Ando pelo corredor escuro , sentindo um vento que vem da ultima janela. Todo meu corpo se arrepia ao ver , que não vejo mais nada. Nada real. Assim corro e pula à janela. Caio numa estrada. Vou seguindo em frente , colocando em minha mala cada qual que levarei comigo. Cada gesto , cada amor , cada dor , cada riso , lagrimas , cada cada que possa caber em minha mala ..
A hora já não se sabe mais , os amores passaram , os que consegui coloquei em minha mala, alguns não tiveram força para partir junto à mim , então deixei-os ficar onde pareciam estar mais seguros. Na estrada abre-se uma bifurcação , e eu tenho que escolher. 2 carros passam por mim , um zero seguido de outro , então vem oito questões para me sugar . São oito . Só oito . Que amores eu levei? Que dores que deixei para trás? quais sonhos tive que me desfazer ? Em que deixei de acreditar ? no que passei a acreditar? Minha mala está cheia para continuar ou está vazia para enche-la no próximo caminho? Consegui pousar em terras firmes nos meus últimos vôos? Tudo é real?
Ah , viajantes desses carros , rápidos demais .. Pensem ! Eu estou levando os meus maiores amores comigo , seja numa lembrança ou nos beijos de agora. As dores , todas ficaram para trás , se tiverem lagrimas , essas viram de novos choques. Eu ainda acredito nas pessoas , na bondade , na pureza e no gesto real . Deixei de acreditar nos encantos de um príncipe qualquer, e passei a acreditar nos encontros da vida. A minha mala ? Essa está pela metade , nem cheia , nem vazia , mas aberta para que o que quiser ir embora vá e o que quiser entrar , adentre no meu mundo. As terras que pousei foram todas desconhecidas , me trazendo uma sensação inigualável de experimentação . Voei para me jogar em novos sorrisos , em nuvens , indo para onde o vento pudesse me levar. Vendo tudo do alto e pousando onde me convinha . Os sonhos são sonhos e são reais . Eu já não sei de que carne e ossos sou feita , de tanto que minha mente idealiza a vida , as pessoas , e a mim mesma. Eu já não sei . Meus erros são todos tão sinceros , assim como minhas desculpas. É tudo verdadeiro e real , porém excessivamente sonhado , excessivamente impulsivo.
Eu agora estou enfrente à bifurcação, ainda . Minha mala esta aberta . Minha mente clara e meus passos reais. Meus vôos menos distantes , meus amores , meu amantes serão todos eternos . Minha busca pela imperfeição atenta à meus loucos devaneios de quem ainda não sabe de quase nada dessa vida. Um sorriso e muita força para trilhar novos caminhos , e muitos Vôos . Sim sou dicotômica e minha estrada e encantadamente bela e real.
Dominique Arantes
Feliz 2008 para todos!