quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

SOM ( 3 da manhã)

São 3 da manhã , e o silêncio fala nesse corredor vazio . Abro a porta e nenhum som , a não ser da minha própria respiração que demonstra minha indagação sobre o meu próprio ser . Os olhos não fecham , um coração ainda pulsante , numa velocidade mediana , lembrando e absorvendo tudo que recebeu nos últimos meses.Coitado , passou a vida sonhando e quis brincar com a realidade . Ele ainda sangra. Mas sangra sorrindo.Ando pelo corredor escuro , sentindo um vento que vem da ultima janela. Todo meu corpo se arrepia ao ver , que não vejo mais nada. Nada real. Assim corro e pula à janela. Caio numa estrada. Vou seguindo em frente , colocando em minha mala cada qual que levarei comigo. Cada gesto , cada amor , cada dor , cada riso , lagrimas , cada cada que possa caber em minha mala ..
A hora já não se sabe mais , os amores passaram , os que consegui coloquei em minha mala, alguns não tiveram força para partir junto à mim , então deixei-os ficar onde pareciam estar mais seguros. Na estrada abre-se uma bifurcação , e eu tenho que escolher. 2 carros passam por mim , um zero seguido de outro , então vem oito questões para me sugar . São oito . Só oito . Que amores eu levei? Que dores que deixei para trás? quais sonhos tive que me desfazer ? Em que deixei de acreditar ? no que passei a acreditar? Minha mala está cheia para continuar ou está vazia para enche-la no próximo caminho? Consegui pousar em terras firmes nos meus últimos vôos? Tudo é real?
Ah , viajantes desses carros , rápidos demais .. Pensem ! Eu estou levando os meus maiores amores comigo , seja numa lembrança ou nos beijos de agora. As dores , todas ficaram para trás , se tiverem lagrimas , essas viram de novos choques. Eu ainda acredito nas pessoas , na bondade , na pureza e no gesto real . Deixei de acreditar nos encantos de um príncipe qualquer, e passei a acreditar nos encontros da vida. A minha mala ? Essa está pela metade , nem cheia , nem vazia , mas aberta para que o que quiser ir embora vá e o que quiser entrar , adentre no meu mundo. As terras que pousei foram todas desconhecidas , me trazendo uma sensação inigualável de experimentação . Voei para me jogar em novos sorrisos , em nuvens , indo para onde o vento pudesse me levar. Vendo tudo do alto e pousando onde me convinha . Os sonhos são sonhos e são reais . Eu já não sei de que carne e ossos sou feita , de tanto que minha mente idealiza a vida , as pessoas , e a mim mesma. Eu já não sei . Meus erros são todos tão sinceros , assim como minhas desculpas. É tudo verdadeiro e real , porém excessivamente sonhado , excessivamente impulsivo.
Eu agora estou enfrente à bifurcação, ainda . Minha mala esta aberta . Minha mente clara e meus passos reais. Meus vôos menos distantes , meus amores , meu amantes serão todos eternos . Minha busca pela imperfeição atenta à meus loucos devaneios de quem ainda não sabe de quase nada dessa vida. Um sorriso e muita força para trilhar novos caminhos , e muitos Vôos . Sim sou dicotômica e minha estrada e encantadamente bela e real.

Dominique Arantes


Feliz 2008 para todos!

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Coffee Break



"O que lhe importa?

Quem lhe importa?

O que entorta ?

Seu vida é morta ?


Um café ,

Pausa.


5 segundos :

1, 2, 3, 4, 5 .. Já!


Recomeço :


O que lhe importa ?

Dê três passos à direita ,

Ligue o celular,

Pegue um microfone e cante :

Sem vida morta ! Quem se importa?


Zirigudum , tunderundê , lalala , ilarilarie


Ô ô Ô ?

E cadê o seu amor?

Perdeu-se no segundo andar ...

Entrou outro no elevador..


Você se importa ? de mudar a rota?

De mudar de dor ou de amor ?


Quem ? com quem ? de quem ?

Eu . Contigo . minha ,só minha e de mais ninguém .


Café , em pé ...

cigarro ,

bronquite ,

pulmões gritando : Alguém ai se importa?


Café , sentada ...

Gastrite gastrite...

Estomago grita : Que vida torta!


Café no fim ,,,

Sem rima e poesia ...


Uma trilha de amor ou de vida vadia ?

Será que entorta ? Alguém bate à porta!

Amor, Amor e nada mais importa!


Senta ai ... toma um café que amanhã tudo estará de pé.


Veja ...

Dos olhos o mar saiu, e fez "plec" na bacia de alumínio do vizinho.


Eu me importo !

quem mais?

Ele levantou a mão , mais alguém ?


1, 2.. certo ,

3 ,

outro mais no fundo

4 , 5... Já!


Recomeço ..."


Dominique Arantes


Menos sonhos , mais vida. Sonhar vivendo ou viver sonhando? sonhar para viver ou viver para poder sonhar ??? Café faz efeito!


"Les temps sont durs pour les rêveurs" ( mais ou menos : " A vida é dura para os sonhadores" , ou algo muito proximo disso.. rsrsrs .... foi oq ue me disse o google) Frase dita por Eva ( Claude Perron) em " O fabuloso destino de Amélie Poulain" . Quer moleza ? Senta no pudim ( ditos populares esdruxulos às vezes conseguem resumir o que seria uma grande explicação, cheia de experiências pessoais) !Eu prefiro continuar sonhando , porém bem acordada!


domingo, 9 de dezembro de 2007

esquina



"Num canto qualquer , ele ainda está preso.
Ainda quer um que do tal de tudo do pouco que restou.
Ainda respira um ar do verde de sua esperança,
Está preso à qualquer lembrança , vingança , amor...
Está jogado , subjulgado pela partida de sua amada .
Foi posto em uma armadilha , e para ele nada resta além do amor.
Magoa já não há , tristeza só pela saudade, gritos só em silencio ...

Ele tenta sair mas uma grade o prende,
Ele muda , se camufla , fica serio quando deveria sorrir
Sorrir para o mundo quando deveria fechar-se em si mesmo.
Mas ainda é o mesmo , com alguns medos , milhares de defeitos e poucas qualidades.

Sempre se olha no espelho sabendo de si , tentando encontrar-se.
Certa vez , se jogou no mar, depois de ver sua imagem refletida, procurando por si mesmo.
Não , não como Narciso por encanto de sua própria beleza , mas por tentar encontrar a si mesmo para entender o que queria e o que era.

Pobre rapaz , ainda não aprendeu amar ....
Quer um futuro mas não consegue dar passos mais largos.
Sempre volta a olhar sua amada pela grade de sua prisão.

A saida é pelo outro lado !
Mas poucas vezes ele enxerga .
E quando enxerga , pensa estar livre,
Mas volta a ouvir a voz de sua amada e volta para saida sem volta , a saida sem passagem , sem saida , só grades ...

Ele ainda tem esperanças ,
de dessas grades sair esperançoso ,
ir inteiro para o verde.

Ah meu menino ,
Abre teus braços para novas paixões,
para novos mergulhos e voôs.

Esqueça , esqueça , esqueça ...

e dela só te restará algumas lembranças , alguns risos e tantos outros riscos,
Todos sem cores , mas todo o amor ainda lhe virá num arco-iris de emoções."



Dominique Arantes

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Tudo que poderia sorrir , sorriu. Tudo que poderia ficar , ficou.


"Fumo de tabaco rói o ar.
O quarto -
um capítulo de inferno krutchônikh.
Recorda -
Atrás desta janela
pela primeira vez
apertei tuas mãos, atônito.
Hoje te sentas,
no coração - aço.
Um dia mais
e me expulsarás,
talvez, com zanga.
No teu "hall" escuro longamente o braço,
trêmulo, se recusa a entrar na manga.
Sairei correndo ,
lançarei meu corpo à rua.
Transtornado,
tornado
louco pelo desespero.
Não o consintas,
meu amor,
meu bem,
digamos até logo agora.
De qualquer forma
o meu amor
- duro fardo por certo -
pesará sobre ti
onde quer que te encontres.
Deixa que o fel da mágoa ressentida
num último grito estronde.
Quando um boi está morto de trabalho
ele se vai
e se deita na água fria.
Afora o teu amor
para mim
não há mar,
e a dor do teu amor nem a lágrima alivia.
Quando o elefante cansado quer repouso
ele jaz como um rei na areia ardente.
afora o teu amor
para mim
não há sol,
e eu não sei onde estás e com quem.
Se ela assim torturasse um poeta,
ele
trocaria sua amada por dinheiro e glória,
mais a mim
nenhum som me importa
afora o som do teu nome que eu adoro.
E não me lançarei no abismo,
e não beberei veneno,
e não poderei apertar na têmpora o gatilho.
Afora
o teu olhar
nenhuma lâmina me atrai com seu brilho.
Amanhã esquecerás
que eu te pus num pedestal,
que incendiei de amor uma alma livre,
e os dias vãos - rodopiante carnaval -
dispersarão as folhas dos meus livros...
Acaso as folhas secas destes versos
far-te-ão parar,
respiração opressa?

Deixa-me ao menos
arrelvar numa última carícia
teu passo que se apressa."


Por Vladimir Maiakóvski