quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Que seja leve.

Sobre meus pés
mais nenhum peso .
sobre mim,
nada.

Se vão
todos os eus e meus
e nossos
que me prenderam até aqui.

Não posso
com palavras ,
explicações ,
nem nada .

Só coisas
que me façam
voar.
Por favor!

Vamos chutar
isso que nos coloca
embaixo,
para longe.

Façamos
um grito,
bem brega,
em favor da leveza.
(Aquela é que insustentavél).

Mas tentemos!
Tentemos ser
não sendo
e sendo o que for.

Tentamos
ser outros e nós mesmo.
É para experimentar
que estamos aqui.

Sim ,
sem excessos,
sem peso.
Só assim , sorrindo.

Vou sendo sorriso
e deixo pra trás
tudo e qualquer
coisa que em mim
se faça pesar.

Só vou permitir
o que é da ordem
das asas,
dos vôos.

Vou me permitir
em você, inteira.
Mas desde que
seu peso não me cause dor.

Pese leve!
Assim , como era no principio
quando ainda eramos pensamentos.

Vou deixando o vento me carragar,
até você,
ou para outro
lugar.

Vou deixando,
amando ,
sorrindo ,
brincando.

Deixando ,
no gerundio.
Pois tudo é
sempre
transformação.

Para nós, asas!
E que seja leve enquanto dure!

domingo, 27 de dezembro de 2009

Sobre hoje.

Tem um copo
em cima da mesa.
Tem um copo
que conta de ti.

Ele está todo bebido
não há café
nem leite
nem pó

Tem ainda,
em cima da mesa,
a minha duvida
sobre nós dois

Tem ainda
a vontade de pular
nos seus braços
de ouvir sua voz

Tem aqui ,
depois da mesa ,
na porta à direita,
seu cheiro no lençol

O que falta
é você.
inteiro , cortado,
do jeito que puder.

Você me falta
no olhar ,
na pele ,
no pelo.

Me falta
abrir a porta
pra você voltar.

Dominique Arantes

domingo, 20 de dezembro de 2009

Rascunho

Eu vou ficar escrevendo até que algo de verdadeiro saia dos meus dedos. Vou ficar aqui , cansada , dizendo coisas sem sentido , pra ver se consigo ser algo menos superficial. Quando eu parei de pensar na nossa existencia? Porque a gente é só pele , e pele é superficie , e eu preciso estar em algo mais denso. Eu já reclamei outras feridas, mas sua falta de força contra a minha pele me deixa assim parada , sem sair do lugar. Estou procurando algo que eu possa sentir ... Sabe as flores que você me deu em julho ? pois é , eu não lembro a cor. Estou constatando que perdi minha memoria , será? Como que se chega num lugar sem saber o porquê ? Por que eu estou sentado no sofá , do seu lado , você vendo Tv e eu rascunhando essas palavras? Não , isso não é uma pergunta. Eu estou dizendo que de nós sempre ficam superficies porque eu sento ao seu lado e vocE olha pra frente. Ou melhor , você olha pra frente e eu sempre sento ao seu lado. A flor que vocÊ me deu à três dias atrás já está murcha. Não tem problema , eu vou desenha-la na minha pele até que eu consiga penetrar essa superficie que nos desloca. Essa distancia vai encurtar. Não! Mudarei. Eu vou levantar , abrir a porta e talvez nunca mais volte. Não posso viver nessa falsa construção de n´so dois. Eu vou! E talvez eu não volte. Talvez você leia esse papel. vou deixa-lo caido , ao lado do sofá, como quem esqueceu algo que não deveria. Bom, eu vou. É preciso ultrapassar alguns pontos . Bom , você está contente com a minha companhia , vou esperar seu programa preferido terminar. Não quero ir embora e acabar com a sua alegria cotidiana.

Dominique Arantes

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Pela manhã

sorri abre a janela e deixa o sol entrar.

A -Quem é vocÊ?
B -como assim ?
A- você.. você ai me olhando assim , como se eu fosse uma pintira.
B- Você não é, e sabe disso. Mas mesmo assim eu gosto de te olhar.

gargalhadas

B - Por que você sempre acorda com esse humor estranho?
A - Pra te provar que gozo não é sinomimo de felicidade.
B - Nossa...Mas eu vou continuar repetindo meu cheiro no teu corpo .E serão tantas vezes , como já foram , que um dia ainda te amanheço sorrindo.
A - E se não tiverem outras manhãs?
B - manhãs sempre existirão. Vai querer controlar o Sol agora?
A- VocÊ sempre fecha os olhos para as coisas não claras né?
B - Não te compreendo.
A - você ai, abrindo a janela , e ficando cego com o sol da manhã.
B - olha , eu sinceramente não quero começar meu dia assim.
A- desculpa.

silêncio

A- eu disse " desculpa"
B - Eu vou fechar a janela.

silêncio

A - Vem pra cama .A gente atrasa o relogio um pouco e tenta amanhecer de novo.
B - eu venh tentando faz um bom tempo. E você sempre assim, Azeda.
A - Eu não sou azeda. Só to cansada de ser contigo só pela manhã..
B - Por que você não fala? Assim , clara?
A - De ser contigo e só contigo e só pela manhã....Como você pode , hein? Não ter ciumes, não me querer sempre , não ter medo que outro alguém se arraste sobre mim.. Fecha a janela , por favor...não gosto de claridade.
B - Por isso a luz apagada, todas às vezes . ( tempo) Bom , o café está pronto, tem suco na geladeira.
A - Você foge sempre ...
B - Eu não to fugindo , preciso trabalhar ... Olha , fica a vontade. Quando sair , vocÊ sebe onde deixa a chave.
A - vai lá... quinta-feira a gente se encontra.
B - Te ligo! Fica bem .
A - Não precisa me ligar , eu se onde fica sua chave.

Barulho de porta fechando.Ela levanta fecha cortina e volta a durmir.


Dominique Arantes