domingo, 6 de novembro de 2011

Vou vestir meias

Dê-me os dias e as horas
inteiras
Para que essa repartição de mim mesmo
torne-se outra coisa que não
pedaços incompreensíveis de um corpo falido.

Digo aquilo que ficou sobre a pele dizendo o transtorno que a sua não presença me torna.

Respiro,
os passos comprimidos estalam meu ouvido
Onde estão as suas mãos?
Queria tê-las sobre meu seios

Digo sobre aquilo que nomearam amar.

Pisco-me
Abraço-me
Crio ondulações no arrastar dos móveis

Eu diria que a saudade cava buracos
eu diria que dar as mãos é uma questão de gosto
Eu diria, ainda, que quando você me soltou
pensei em como para de trepidar ao caminhar
pela calçada
Tive que calçar novos saltos
que usar a roupa pelo avesso
Digo que queria um filho assim, com o mesmo tom da sua voz.

Pediria um abraço,
que mê cobrisse os pés
até que meus calos parassem de tremer de frio.

Vou vestir meias.


 

Um comentário:

Diogo Liberano disse...

entendi td.
mesmo.
e penso
quem não arrisca
de fato
não petisca.